Berlenga

Há a rocha
E a seguir uma encosta grande de chorões
No fim de tudo o mar
Vejo daqui a baía e a praia pequena
Posso chegar lá ou não
Amarraram barcos nas bóias e é a hora
Em que o sol dá uma cor bonita a tudo

Sou a única gaivota capaz de morrer mesmo
Só eu sei que cada salto é um risco
Porque todo o voo é um milagre

Na verdade não há nada entre mim e o mar
Ou a rocha, que aqui é rosada
Digo adeus antes de cada salto
E olho tudo isto como se fosse a última vez

Sei que tudo se pode apagar depois de um salto
Que o mar é mais que aquilo que ali está
Nenhuma outra gaivota sabe o adeus
Nenhuma olha
Desse modo este granito o sol
Os barcos ao fundo dos chorões

Paulo Geraldo

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